25 de junho de 2010

E dá-lhe Dunga!

Sinceramente, que ninguém duvide,torço para que o Brasil chegue ao hexa. Sem futebolismos ufanistas, de pura birra mesmo. Cansei (como as lindinhas globalizadas de tempos atrás, lembram?), mas cansei mesmo, entre outras coisas, do machismo que insiste talibanamente em colocar as mulheres do lado de fora da sala, da torcida (sofri isso na pele ainda a pouco). A gente só quer ser feliz, é difícil entender?

Hoje, indo pro trabalho, me deliciei com a garotada tocando cornetas (insuportáveis, mas legítimas), exercendo seu direito de ao menos uma vez que seja fazer barulho. Barulho liberado pela Copa, senão a mamãe não deixa, o vizinho reclama, e tome cascudo se insistir fora de hora. Acho que está faltando um pouco disso tudo: barulho de moleque celebrando a vida, palpite de mulher que "não entende", liberdade para se expressar e ao mesmo tempo, do outro lado, liberdade para ser suave, tranquila e filosoficamente aceitar que celebrar é bom, celebrar juntos melhor ainda, gritar e pular é a glória, a catarse necessária pra sacudir o ranço da seriedade imposta por modelos que são verdadeiras camisas de força.

E vamos celebrar! Dilma passou o Zé Pedágio, o Brasil tá com o PIB lá em riba, e o Dunga será nosso campeão (ganhando ou não). Fui.

Assistir jogo do Brasil no escritório é um porre!

Pois é, não teve jeito, Brasil e Portugal no escritório. Pior que isso só em internato do século 19. O chefe não gosta de gritos, torcida, comentários femininos (afinal, mulher não entende de futebol, né?). Parecia que esperávamos o corpo chegar, clima de enterro... e o jogo, ah, o jogo, tava uma merda! Enfim, coisas da vida, na terça vejo em casa!

21 de junho de 2010

Cadê os “Verdes”?

Outro dia, lendo um blog, chamou-me à atenção uma pergunta feita pelo blogueiro: “onde está o Greenpeace neste acidente da British Petroleum?”. Boa pergunta! Aí me acendeu um bocado de interrogações. Não antes, porém, de lembrar-me das manifestações acerca do processo do leilão de Belo Monte. Tínhamos do lado contrário, ou torcendo para dar errado: O Globo, Rede Globo, Folha, Estadão, CBN e seus “analistas políticos” (Merval Pereira e Sônia Hipólito), os “econômicos” (Sardemberg e Mirian Leitão), os “apresentadores” (Heródoto Barbeiro e Adalberto Piotto) o “ecológico” Sergio Abranches, uma multidão de “ONGS” (inclusive estadunideses), uma multidão de ambientalistas, verdes, igrejas, atores e diretores hollywoodianos, enfim uma multidão de gente.

Pois bem, a pergunta é: não só o Greenpeace, mas, onde estão todas essas pessoas? Analistas, ambientalistas, verdes, religiosos, atores, diretores, políticos neste que já pode ser considerado o maior desastre ecológico do mundo?

Todo o golfo poderá ter sua fauna e flora marinha comprometida de forma irreversível. A grande imprensa, pelo menos no Brasil, trata o tema como se fosse uma informação corriqueira.

Na época do debate sobre Belo Monte nossa mídia dava imenso destaque ao projeto da usina, como se o governo estivesse na iminência de cometer um imensurável crime ambiental e, ao mesmo tempo, um genocídio.

A mídia mundial, inclusive a brasileira, se refere à British Petroleum como BP, numa clara tentativa de escamotear quem efetivamente é, e de onde vem, a empresa responsável pela catástrofe. E como se não bastasse, entram no joguete midiático da Casa Branca, anunciando que o presidente Obama “quer saber em quem ele tem que dar um chute no traseiro”, como se fosse resolver assim, um acidente que é devastador para a humanidade. Evidentemente trata-se de amenizar o problema, repercutindo-o com o reconhecido “humor ianke”. O tal ecologista da CBN, Sergio Abranches, chega ao cúmulo de colocar o problema no, e para o, Brasil quando insinua: “isso deve alertar os brasileiros para a exploração e prospecção da Petrobrás no pré-sal”, ou seja, levantando um problema onde não existe e relativizando o desastre americano. Total cinismo.

Não sou adepto da teoria da conspiração, mas quando paramos para refletir as ações e atitudes de determinados segmentos sociais, políticos e, sobretudo, midiáticos, vemos claramente os movimentos da manobra. Se nesse caso da British Petroleum, não houver um mínimo de coerência entre os que se proclamam defensores da natureza, perderão toda e qualquer autoridade para manifestar-se no futuro. O crime americano está saindo muito barato, para não dizer de graça, tanto para o governo dos EEUU, quanto para a empresa Britânica. Se a coisa encerrar assim, será ainda mais trágico e a tal conferência para o clima, a realizar-se no (golfo do) México, será uma grande farsa recheada de óleo cru.

Texto: Amauri Barros
http://pagina13.org.br/?p=2728