21 de junho de 2010

Cadê os “Verdes”?

Outro dia, lendo um blog, chamou-me à atenção uma pergunta feita pelo blogueiro: “onde está o Greenpeace neste acidente da British Petroleum?”. Boa pergunta! Aí me acendeu um bocado de interrogações. Não antes, porém, de lembrar-me das manifestações acerca do processo do leilão de Belo Monte. Tínhamos do lado contrário, ou torcendo para dar errado: O Globo, Rede Globo, Folha, Estadão, CBN e seus “analistas políticos” (Merval Pereira e Sônia Hipólito), os “econômicos” (Sardemberg e Mirian Leitão), os “apresentadores” (Heródoto Barbeiro e Adalberto Piotto) o “ecológico” Sergio Abranches, uma multidão de “ONGS” (inclusive estadunideses), uma multidão de ambientalistas, verdes, igrejas, atores e diretores hollywoodianos, enfim uma multidão de gente.

Pois bem, a pergunta é: não só o Greenpeace, mas, onde estão todas essas pessoas? Analistas, ambientalistas, verdes, religiosos, atores, diretores, políticos neste que já pode ser considerado o maior desastre ecológico do mundo?

Todo o golfo poderá ter sua fauna e flora marinha comprometida de forma irreversível. A grande imprensa, pelo menos no Brasil, trata o tema como se fosse uma informação corriqueira.

Na época do debate sobre Belo Monte nossa mídia dava imenso destaque ao projeto da usina, como se o governo estivesse na iminência de cometer um imensurável crime ambiental e, ao mesmo tempo, um genocídio.

A mídia mundial, inclusive a brasileira, se refere à British Petroleum como BP, numa clara tentativa de escamotear quem efetivamente é, e de onde vem, a empresa responsável pela catástrofe. E como se não bastasse, entram no joguete midiático da Casa Branca, anunciando que o presidente Obama “quer saber em quem ele tem que dar um chute no traseiro”, como se fosse resolver assim, um acidente que é devastador para a humanidade. Evidentemente trata-se de amenizar o problema, repercutindo-o com o reconhecido “humor ianke”. O tal ecologista da CBN, Sergio Abranches, chega ao cúmulo de colocar o problema no, e para o, Brasil quando insinua: “isso deve alertar os brasileiros para a exploração e prospecção da Petrobrás no pré-sal”, ou seja, levantando um problema onde não existe e relativizando o desastre americano. Total cinismo.

Não sou adepto da teoria da conspiração, mas quando paramos para refletir as ações e atitudes de determinados segmentos sociais, políticos e, sobretudo, midiáticos, vemos claramente os movimentos da manobra. Se nesse caso da British Petroleum, não houver um mínimo de coerência entre os que se proclamam defensores da natureza, perderão toda e qualquer autoridade para manifestar-se no futuro. O crime americano está saindo muito barato, para não dizer de graça, tanto para o governo dos EEUU, quanto para a empresa Britânica. Se a coisa encerrar assim, será ainda mais trágico e a tal conferência para o clima, a realizar-se no (golfo do) México, será uma grande farsa recheada de óleo cru.

Texto: Amauri Barros
http://pagina13.org.br/?p=2728

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